Mizael Bispo é condenado a 20 anos de prisão pelo assassinato de Mércia Nakashima

Do UOL, em São Paulo e em Guarulhos (SP)
14/03/201317h23 Atualizada 14/03/201318h04
O policial reformado e advogado Mizael Bispo da Silva foi condenado nesta quinta-feira (14) a 20 anos de prisão pelo assassinato da ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, ocorrido em 23 de maio de 2010. O corpo e o carro da advogada foram encontrados em uma represa na cidade de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo. Mércia foi morta aos 28 anos.
  • Mizael Bispo da Silva (à frente) ouve o juiz Leandro Cano (que não aparece na foto) ler a sentença
  • O corpo de Mércia Nakashima foi encontrado em junho de 2010 em uma represa de Nazaré Paulista
Na leitura da sentença, o juiz Leandro Bittencourt Cano descreveu os três agravantes aceitos pelo Conselho de Sentença ao analisar se o réu era inocente ou culpado.
Sobre o agravante de crime torpe, por exemplo --segundo a acusação, Mizael se sentia humilhado pelo fim do relacionamento--, o magistrado definiu: "muitos crimes são cometidos em nome do amor, que mas que tipo de amor é esse?", indagou, para completar: "Quando é amor o que se sente, não há o mínimo desejo de se livrar da pessoa amada. O sentimento amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, esse faz sofrer", classificou.
Ao final, o juiz fez a leitura dos agradecimentos com a voz embargada. Ao todo, foram quatro dias de júri no Fórum de Guarulhos (Grande SP).
Após a leitura da sentença, Claudia Nakashima, irmã de Mércia que acompanhava o julgamento, gritou "assassino maldito!" a Mizael, que deixará o prédio do fórum preso de volta ao presídio militar Romão Gomes, onde estava desde o ano passado.
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Veja fotos do julgamento de Mizael Bispo em Guarulhos48 fotos

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A mãe de Mércia Nakashima, Janete (à direita), chega ao Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo, para o primeiro dia de julgamento do advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, nesta segunda-feira (11). Durante o depoimento do filho Márcio, a primeira testemunha chamada pela acusação, Janete balançou a cabeça, chorou e chegou a fechar os olhos e apertar as mãos, como se fizesse uma oraçãoLeia mais Diogo Moreira/Frame/Estadão Conteúdo
Mizael foi condenado por um júri de cinco mulheres e dois homens. Esse foi o primeiro júri do Estado --o segundo do Brasil, depois de um realizado em Rondônia-- a ser todo transmitido em tempo real via rádio e internet.
Ao todo, os jurados analisaram seis quesitos para responder sim ou não e decidir se o policial reformado era ou não culpado pelo crime. Entre eles, figuraram, por exemplo, se o réu "concorreu para o crime", se "o jurado absolve o acusado?" e se o crime foi praticado "por motivo torpe, em razão da insatisfação com o rompimento" do relacionamento amoroso. Ainda foi questionado aos jurados se houve emprego de "meio cruel" à vítima. Eles se reuniram para decidir às 16h25.
Além do policial reformado, também é acusado pelo crime o vigia Evandro Bezerra da Silva, que está preso no presídio de Tremembé 2 e vai a júri popular em 29 de julho deste ano. Inicialmente, ele seria julgado com Mizael, mas o júri foi desmembrado a pedido da defesa de Bezerra, que alegava tese conflitante entre os dois acusados.
Ao todo, os jurados ouviram os depoimentos de nove testemunhas --cinco da acusação, três da defesa (que dispensou outras duas) e uma do juízo-- e do réu, interrogado nesta quarta-feira (14) apenas pela defesa, uma vez que o promotor do caso, Rodrigo Merlin Antunes não quis fazer perguntas.
Entre os depoimentos, se destacaram o de Márcio Nakashima, irmão da vítima, e  do delegado Antonio Assunção de Olim, responsável pela investigação do caso. Ambos foram arrolados pela acusação.
Márcio, primeira testemunha a ser ouvida no júri, na última segunda-feira (11), chorou em vários momentos das cerca de quatro horas em que depôs e discutiu rispidamente com os advogados de Mizael, os quais acusou de macular a reputação da advogada, e acusou o réu de ter se "transformado" no segundo ano de namoro com Mércia.
"Mizael era muito ciumento, possessivo e se transformou. Ele ligava várias vezes para a Mércia", afirmou Márcio, que, alegando medo, pediu para que o réu fosse retirado do plenário durante o depoimento. Como é advogado e trabalha em sua própria defesa, o réu pediu para continuar na sala, mas o juiz negou.

RELEMBRE O CASO MÉRCIA

Delegado derruba álibi

Já o delegado do caso, ouvido na terça-feira (12), derrubou a tese do réu de que teria se encontrado com uma prostituta no momento em que a advogada era assassinada em Nazaré Paulista.
Mizael alega que, na noite do crime, esteve por quatro horas com uma prostituta, dentro de um carro, em frente ao Hospital Geral de Guarulhos.
"Ele não sabia o nome da mulher e, só depois de muita pressão, lembrou a cor do cabelo. Depois deu apenas R$ 20. Além do que, é estranho transar em um lugar de tanto movimento, sem chamar a atenção", disse o delegado, que foi taxativo aos jurados: "Eu não tenho dúvida nenhuma de que Mizael matou Mércia", declarou.

Depoimentos de peritos

Tanto defesa quanto acusação também lançaram mão de peritos para testemunhar em plenário.
O perito explicou que a terra encontrada no sapato de Mizael não era compatível com a encontrada na represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado.
"A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível", disse.
Outro perito do caso, o biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como testemunha no primeiro dia de julgamento, disse que algas não se fixam na terra, e sim, em um substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas no sapato de Mizael podem ter vindo de locais diferentes.

Veja vídeos sobre o julgamento do caso Mércia Nakashima - 21 vídeos


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Multidão acompanha do lado de fora do Fórum de Santana o o julgamento do caso Nardoni, em 2010. Isabella Nardoni, 5, foi jogada na noite de 29 de março de 2008 do sexto andar de um edifício na zona norte de São Paulo. O pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Jatobá, foram condenados a 31 anos e 26 anos e oito meses, respectivamente Leia mais Adriano Vizoni/Folhapress - 22.mar.2010

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