- Eu tenho a Seleção como meu teto. É chegar ao auge mesmo da carreira. Para mim, não tem coisa mais importante do que jogar pela Seleção.
Mas até ser escalado para defender o Brasil, Ramires passou por situações complicadas. E não faz muito tempo. Há apenas seis anos, ele vivia em uma casa de dois quartos em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, com a avó, alguns primos e tias e o irmão Maicon, com quem dividia a cama e as roupas.
- Ele era mais forte que eu. Eu era bem mais magrinho. Mas ele só comprava as coisas que ficavam apertadas nele para servir em mim. Se ele comprasse do tamanho dele, eu não conseguiria usar. Meu irmão é como se fosse meu pai. As coisas de homem eu aprendi com meu irmão – revela Ramires.
Ramires defendeu o Brasil pela 1ª vez na Seleção
Olímpica em 2008 (Foto: Fernando Maia / O Globo)
A mãe trabalhava fora e chegava a ficar três meses sem conseguir voltar para casa. O pai aparecia muito pouco. Então, a figura paterna e os ensinamentos de vida ficaram por conta do irmão.
- Minha mãe trabalhava fora. A gente morava com a nossa avó. Então, fiquei responsável por ele. Tinha que estar com ele sempre, para protegê-lo. Sempre considerei ele como um filho – conta Maicon, emocionado.
As dificuldades só aumentavam, e o sonho de ser jogador ficava cada vez mais longe. Com muitas promessas não cumpridas no mundo do futebol, aos 15 anos Ramires começou a trabalhar como servente de pedreiro, carregando pedras e sacos de areia. Quando já tinha desistido de ser jogador, surgiu uma oportunidade no pequeno América de Barra do Piraí.
- Eu trabalhava das 8h até 16h. O treino era 16h30. Descia de casa de bicicleta para o emprego, pegava a bicicleta e ia treinar e, depois, ia para casa. Mas eu me sentia feliz. Eu chegava no treino e não tinha cansaço, não tinha nada. Quando eu colocava a chuteira e ia para o campo, parecia que estava em casa. Não tinha coisa melhor.
O amor pelo futebol e o talento com a bola fizeram com que ele se destacasse e em pouco tempo fosse levado pelo Joinville, de Santa Catarina. Jogando no time do Sul, o menino magro e veloz chamou a atenção do Cruzeiro.
- Quando eu fui para o Cruzeiro, que eu vi aquilo tudo, a ficha não caía. Eu falava: “Meu, não pode ser!”. Todo dia eu pensava: “Há pouco tempo eu estava na minha cidade, trabalhando de servente de pedreiro e agora eu estou aqui”.
Foi bem triste ver os jogadores chorando na derrota na Copa de 2010"
Ramires
Foi na Raposa que ele começou a colecionar apelidos. Primeiro virou Pernalonga, o personagem de desenho famoso pelas passadas largas; depois foi Queniano Azul, porque sua velocidade e resistência para correr impressionavam; mas a torcida só o chamava de Guerreiro.
- No Cruzeiro que me deram esse apelido, porque eu corria muito e o jogo inteiro, do começo ao fim, os 90 minutos eu estava dando pique, correndo. Então, sempre falaram que eu era um queniano, por causa da maratona e o que eu corria dentro de campo. E lá também tinha o Pernalonga Azul, por causa das passadas meio longas – diverte-se Ramires.
As conquistas seguintes mostraram que a torcida cruzeirense tinha razão. Como um verdadeiro guerreiro, Ramires chegou à seleção olímpica, em 2008, e ficou com o bronze em Pequim. No ano seguinte, o maior sonho se realizava: chegou à Seleção principal e conquistou a Copa das Confederações na África do Sul, o primeiro título com a amarelinha.
Aos 23 anos, foi negociado com o Benfica, de Portugal. Para quem nunca tinha participado de uma peneira até os 17 anos, ele estava bem cotado e foi comprado por R$ 21 milhões. No Benfica, Ramires foi campeão português em 2010. Mas naquele ano, na Copa do Mundo, uma derrota marcou a carreira do jogador. No jogo contra o Chile, ele levou dois cartões amarelos e ficou fora da traumática partida contra a Holanda, que eliminou o Brasil.
- Até hoje é complicado. Eu estava fora. No primeiro tempo, você via que a gente ia ganhar o jogo! O time estava muito bem, a Holanda nem tinha chegado ainda. Mas no segundo tempo, virar daquela maneira... Foi uma coisa bem triste ver jogadores como Gilberto Silva, Lúcio, Juan, Kaká, Júlio César chorando no vestiário. Você, que é mais novo, vê aquela cena e pensa: tenho que ganhar uma Copa do Mundo, nem que seja para esses caras!
Mas 2010 ainda reservava motivos para comemorar. Ramires foi para o Chelsea, da Inglaterra, conquistou a torcida e virou ídolo. Seguindo a tradição dos apelidos, hoje, no time inglês, ele é Rambo, um dos personagens mais fortes da história do cinema.
- Eu sou magrinho. Mas acho que o apelido veio também pela maneira que eu disputo as jogadas, pela maneira que eu jogo, que eu ajudo os companheiros. Eu acho que é a luta, a briga dentro de campo, por isso veio esse apelido.
Mais experiente, Ramires tem tudo para ajudar a Seleção na próxima Copa e, se depender das características de todos os personagens com o qual foi apelidado, ele vai acabar com os adversários rapidinho.
Olímpica em 2008 (Foto: Fernando Maia / O Globo)
A mãe trabalhava fora e chegava a ficar três meses sem conseguir voltar para casa. O pai aparecia muito pouco. Então, a figura paterna e os ensinamentos de vida ficaram por conta do irmão.
- Minha mãe trabalhava fora. A gente morava com a nossa avó. Então, fiquei responsável por ele. Tinha que estar com ele sempre, para protegê-lo. Sempre considerei ele como um filho – conta Maicon, emocionado.
As dificuldades só aumentavam, e o sonho de ser jogador ficava cada vez mais longe. Com muitas promessas não cumpridas no mundo do futebol, aos 15 anos Ramires começou a trabalhar como servente de pedreiro, carregando pedras e sacos de areia. Quando já tinha desistido de ser jogador, surgiu uma oportunidade no pequeno América de Barra do Piraí.
- Eu trabalhava das 8h até 16h. O treino era 16h30. Descia de casa de bicicleta para o emprego, pegava a bicicleta e ia treinar e, depois, ia para casa. Mas eu me sentia feliz. Eu chegava no treino e não tinha cansaço, não tinha nada. Quando eu colocava a chuteira e ia para o campo, parecia que estava em casa. Não tinha coisa melhor.
O amor pelo futebol e o talento com a bola fizeram com que ele se destacasse e em pouco tempo fosse levado pelo Joinville, de Santa Catarina. Jogando no time do Sul, o menino magro e veloz chamou a atenção do Cruzeiro.
- Quando eu fui para o Cruzeiro, que eu vi aquilo tudo, a ficha não caía. Eu falava: “Meu, não pode ser!”. Todo dia eu pensava: “Há pouco tempo eu estava na minha cidade, trabalhando de servente de pedreiro e agora eu estou aqui”.
Foi bem triste ver os jogadores chorando na derrota na Copa de 2010"
Ramires
Foi na Raposa que ele começou a colecionar apelidos. Primeiro virou Pernalonga, o personagem de desenho famoso pelas passadas largas; depois foi Queniano Azul, porque sua velocidade e resistência para correr impressionavam; mas a torcida só o chamava de Guerreiro.
- No Cruzeiro que me deram esse apelido, porque eu corria muito e o jogo inteiro, do começo ao fim, os 90 minutos eu estava dando pique, correndo. Então, sempre falaram que eu era um queniano, por causa da maratona e o que eu corria dentro de campo. E lá também tinha o Pernalonga Azul, por causa das passadas meio longas – diverte-se Ramires.
As conquistas seguintes mostraram que a torcida cruzeirense tinha razão. Como um verdadeiro guerreiro, Ramires chegou à seleção olímpica, em 2008, e ficou com o bronze em Pequim. No ano seguinte, o maior sonho se realizava: chegou à Seleção principal e conquistou a Copa das Confederações na África do Sul, o primeiro título com a amarelinha.
Aos 23 anos, foi negociado com o Benfica, de Portugal. Para quem nunca tinha participado de uma peneira até os 17 anos, ele estava bem cotado e foi comprado por R$ 21 milhões. No Benfica, Ramires foi campeão português em 2010. Mas naquele ano, na Copa do Mundo, uma derrota marcou a carreira do jogador. No jogo contra o Chile, ele levou dois cartões amarelos e ficou fora da traumática partida contra a Holanda, que eliminou o Brasil.
- Até hoje é complicado. Eu estava fora. No primeiro tempo, você via que a gente ia ganhar o jogo! O time estava muito bem, a Holanda nem tinha chegado ainda. Mas no segundo tempo, virar daquela maneira... Foi uma coisa bem triste ver jogadores como Gilberto Silva, Lúcio, Juan, Kaká, Júlio César chorando no vestiário. Você, que é mais novo, vê aquela cena e pensa: tenho que ganhar uma Copa do Mundo, nem que seja para esses caras!
Mas 2010 ainda reservava motivos para comemorar. Ramires foi para o Chelsea, da Inglaterra, conquistou a torcida e virou ídolo. Seguindo a tradição dos apelidos, hoje, no time inglês, ele é Rambo, um dos personagens mais fortes da história do cinema.
- Eu sou magrinho. Mas acho que o apelido veio também pela maneira que eu disputo as jogadas, pela maneira que eu jogo, que eu ajudo os companheiros. Eu acho que é a luta, a briga dentro de campo, por isso veio esse apelido.
Mais experiente, Ramires tem tudo para ajudar a Seleção na próxima Copa e, se depender das características de todos os personagens com o qual foi apelidado, ele vai acabar com os adversários rapidinho.
O volante brasileiro Ramires virou ídolo no time inglês do Chelsea (Foto: Getty Images)
Fonte: G1
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