Casa Branca culpa Coreia do Norte por tensãoChina e Rússia pediram que ambos os lados evitem um confronto potencialmente perigoso


Os EUA culparam a Coreia do Norte pelo aumento na tensão entre os dois países, depois que Pyongyang ameaçou lançar uma ação militar em resposta a manobras com bombardeiros americanos na península coreana.

A Casa Branca acusou a Coreia do Norte de usar uma “retórica belicista”.

Disse ainda que uma recente resolução da ONU condenando um teste nuclear realizado por Pyongyang mostra que a Coreia do Norte está isolada internacionalmente.

A China e a Rússia pediram que ambos os lados evitem um confronto potencialmente perigoso.

Coreia do Norte diz estar em 'estado de guerra' com Coreia do Sul

No mesmo dia em que o presidente Kim Jong-un anunciou o início dos preparativos para atacar com mísseis bases militares americanas na Coreia do Sul e no Pacífico, a Coreia do Norte declarou oficialmente que está em "estado de guerra" com o país, de acordo com a agência oficial de notícias KCNA.

O governo norte-coreano afirma que suas ameaças são uma resposta às "provocações inconsequentes" dos Estados Unidos, que fazem com o vizinho do sul um dos maiores exercícios militares do planeta durante março e abril. Tecnicamente, as duas Coreias estão em estado de guerra desde 1953, quando um conflito terminou com um armistício e não com um tratado de paz.

"A partir de agora, as relações Norte-Sul estão entrando no estado de guerra e todas as questões levantadas entre o Norte e o Sul vão ser tratadas sob o protocolo da guerra", diz comunicado norte-coreano assinado conjuntamente por todas as instituições e órgãos do governo norte-coreano.

Os EUA defendem que o sobrevoo da península coreana com aviões de difícil rastreamento por satélites capazes de carregar ogivas nucleares não é uma provocação e que estão mais preocupados com as reações de seus aliados, Japão e Coreia do Sul, do que do regime comunista. Os B-2, como são chamadas essas aeronaves, fizeram disparos de treino na Coreia do Sul, o que irritou ainda mais os comunistas.
Seul considera que o fato de o Norte divulgar o plano de ataque demonstra que a estratégia é mais psicológica do que militar, embora tenha aumentado o monitoramento das tropas do país vizinho. Analistas apontam que o recrudescimento da linguagem bélica possa ser uma forma de Kim Jong-un, que tem cerca de 30 anos e está há menos de dois no cargo, se firmar no poder.

Existe a expectativa de que o regime de Kim faça uso do alarme de guerra gerado, dizem eles pela presença das tropas norte-americanas, para fazer os primeiros testes de seus mísseis de longo alcance KN-08, que são proibidos pela ONU. Na semana passada, o Pentágono justificou o anúncio de mais de US$ 1 bilhão para um escudo balístico no Alasca com a possibilidade de um ataque norte-coreano.

Pela manhã, dezenas de milhares de norte-coreanos participaram de uma demonstração de apoio à ameaça do Supremo Líder do país, Kim Jong-un, de fazer "um acerto de contas com os Estados Unidos", com o bombardeamento de bases militares do país e de seu aliado, a Coreia do Sul. A manifestação pública, marcada por gritos de "morte aos imperialistas" e "eliminem os agressores americanos", se soma a uma escalada de tentativas de intimidação que incluem reposicionamento de tropas, visitas a bases nucleares e corte de linhas de comunicação oficial com o vizinho.

- Não se trata de uma simples demonstração de força, mas de um ultimato que iniciará uma guerra nuclear a qualquer custo na península da Coreia - disse Kim, segundo a mídia estatal.

Alerta russo

Embora Kim Jong-un não estivesse presente na praça Kim II-sung, que leva o nome de seu avô, a mídia estatal do país divulgou que, numa reunião emergencial na madrugada de quinta-feira, o líder norte-coreano decidiu com o Supremo Comando a estratégia para atacar os EUA - no continente e nas bases militares do Havaí e de Guam, ao sul do Japão - e a Coreia do Sul.

Embora a China, principal aliada da Coreia do Norte, tenha mantido seu discurso oficial de negociação e diálogo inalterado nos últimos dias, a Rússia foi mais explícita e subiu o tom em relação às declarações das semanas anteriores. O ministro das relações exteriores, Sergei Lavrov, disse a repórteres em Moscou que estava ficando mais preocupado que a situação "fugisse do controle" num "ciclo vicioso".

- Estamos preocupados que, com a adequada reação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma reação coletiva da comunidade internacional, estejam sendo tomadas ações unilaterais - disse Lavrov, numa clara alusão aos EUA.

Coreia do Sul não nota movimento de tropas norte-coreanas após ameaça


Coreia do Norte informou ter entrado em 'estado de guerra' com rival do Sul.
Seul disse estar pronta para se defender; Rússia pediu moderação.

Do G1, em São Paulo

A Coreia do Sul não detectou neste sábado (30) movimentos incomuns nas tropas da Coreia do Norte, depois que o país comunista informou ter entrado em "estado de guerra" em um novo episódio de sua campanha de ameaças.
As Forças Armadas sul-coreanas, que há semanas mantêm uma estreita vigilância sobre a Coreia do Norte devido às repetidas e crescentes ameaças do regime de Kim Jong-un, não detectaram nas últimas horas ações de relevância no país vizinho, disse uma fonte militar à agência local "Yonhap".

"Nosso Exército mantém uma completa preparação para não deixar pontos cegos na proteção da vida e a integridade dos cidadãos da Coreia do Sul", informou a Defesa em comunicado.
O Ministério da Defesa de Seul emitiu um comunicado no qual denunciou a "ofensiva" retórica norte-coreana como uma série de "ameaças inaceitáveis" que "prejudicam a paz e a estabilidade na península" e reiterou seu compromisso de responder com dureza a um hipotético ataque do vizinho.
Visitantes olham mapa da Península da Coreia, em posto próximo à cidade fronteiriça de Panmunjon, na Coreia do Sul, neste sábado (30) (Foto: AP)Visitantes olham mapa da Península da Coreia, em posto próximo à cidade fronteiriça de Panmunjon, na Coreia do Sul, neste sábado (30) (Foto: AP)
Por sua vez, o Ministério da Unificação sul-coreano, encarregado das relações com o Norte, minimizou a importância do último anúncio norte-coreano.
Para analistas, as ameaças do fechado regime comunista do ditador Kim Jong-un teriam como alvo o público interno e seriam uma maneira de forçar uma negociação de paz com os EUA.
Os Estados Unidos afirmaram que "levam a sério' as ameaças norte-coreanas, mas lembraram que a "retórica belicista" do país é antiga.
Já a Rússia pediu que Coreia do Norte, Coreia do Sul e EUA demonstrem "moderação" ao lidar com a crise.
Tecnicamente, as duas Coreias seguem em guerra desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício, e não com um tratado de paz.
A anulação do cessar-fogo abre, teoricamente, o caminho para uma retomada das hostilidades, mas, segundo os observadores, esta não é a primeira vez que a Coreia do Norteanuncia o fim do armistício, e é pouco provável que ocorra um ataque militar.
O armistício foi aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e a ONU e a Coreia do Sul rejeitam uma retirada unilateral deste acordo por parte do Norte.
Na quinta-feira, em um contexto de escalada de tensões, dois bombardeiros furtivos B-2 norte-americanos sobrevoaram a Coreia do Sul, uma maneira de os Estados Unidos ressaltarem sua aliança militar com Seul em caso de agressão do Norte.
Pouco depois, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, disse que os Estados Unidos estavam preparados para enfrentar qualquer eventualidade.
Foto de ditador da Coreia do Norte com iMac gera especulação online (Foto: Reuters/KCMA)Foto do ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un durante reunião com militares nesta sexta (29) (Foto: Reuters/KCMA)

O que está por trás das ameaças da Coreia do Norte?


Escalada de tensão na península coreana pode ser interpretada como reafirmação do poder do regime de Pyongyang para o público doméstico.

Da BBC

Escalada de tensão pode ser interpretada como reafirmação do poder do regime de Kim Jong-un (Foto: AFP)Escalada de tensão pode ser interpretada como
reafirmação do poder do regime
de Kim Jong-un (Foto: AFP)
Mais de 40 mil soldados americanos e sul-coreanos estão conduzindo manobras militares na Península Coreana, como parte do exercício Foal Eagle.
Aviões de combate, bombardeiros e submarinos dos EUA se dirigiram à região, em um esforço para 'melhorar a segurança e a preparação' da Coreia do Sul.
Esses exercícios são considerados uma maneira visível pela qual Washington reafirma sua aliança com Seul.
Coreia do Norte supostamente interpreta o propósito desses exercícios de maneira diferente, ao afirmar que poderiam servir para encobrir a preparação de um ataque surpresa.

Palavras de guerra 
Em resposta, Pyongyang recorreu à sua ferramenta mais familiar: inflamadas ameaças de escalada do conflito.
A cobertura internacional das tensões com a Coreia do Norte cria a impressão de que suas ameaças recentes em resposta aos exercícios militares surgiram do nada.
Na verdade, há décadas Pyongyang tem se oposto ruidosamente às manobras conjuntas.
A diferença dessas ameaças mais recentes é sua intensidade e especificidade.
Durante o mês passado, Pyongyang prometeu rasgar o armistício de 1953 entre as duas Coreias e fechar a linha direta na região da fronteira.
Logo depois, anunciou que havia aumentado o nível de preparação para o combate de suas forças de artilharia, com as bases americanas em Guam e no Havaí na mira.
Ainda mais audacioso foi o anúncio de Pyongyang de que se reserva o direito de uma guerra nuclear preventiva contra Washington e Seul.
Apesar de Pyongyang ter cumprido a ameaça de cortar a comunicação em Panmunjom, há poucas razões para suspeitar que fará o mesmo em relação a suas outras promessas, pelo menos no curto prazo.
Um razão é que o principal público para as palavras duras de Kim Jong-un é doméstico.
O jovem líder foi promovido rapidamente nas fileiras do Exército Popular da Coreia por seu falecido pai, apesar de ter feito pouco para merecer essas qualificações.
Enfrentar os inimigos da Coreia do Norte ajudará Kim Jong-un a consolidar seu poder militar e político.
Uma segunda causa para a calma temporária são as deficiências tecnológicas da Coreia do Norte nos campos nuclear e de mísseis.
Em sua maioria, os analistas concordam que é pouco provável que Pyongyang tenha dominado com êxito a tecnologia necessária para colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico e lançá-lo contra Washington.
No entanto, seus recentes testes nucleares e lançamento de míssil demonstram que a Coreia do Norte está ansiosa para avançar em sua capacidade nesse campo.
Medo de exercícios militares
Enquanto podemos repudiar as ameaças de Pyongyang como bravatas destinadas principalmente ao público doméstico, é possível que as inseguranças subjacentes da Coreia do Norte sejam sinceras.
O temor de que exercícios militares possam ser usados para encobrir a preparação de um ataque surpresa contra a Coreia do Norte parece incompreensível de um ponto de vista ocidental.
'Jogos de Guerra' são apenas isso, e seu valor em tranquilizar uma nervosa Coreia do Sul é uma importante vantagem política agregada.
Mas a Coreia do Norte, que pensa em termos militares primeiro e dá prioridade à auto-suficiência em seus assuntos, poderia receber com ceticismo a ideia de que os exercícios conjuntos sejam apenas sobre preparação para responder a um ataque ou uma demonstração benigna do compromisso da aliança entre Coreia do Sul e EUA.
O que possivelmente consolida a interpretação divergente da Coreia do Norte é o fato de que em 1950, Pyongyang usou exercícios com o mesmo propósito maligno que agora vê no Foal Eagle.
Em junho de 1950, Pyongyang colocou em marcha um plano que encobria movimentação militar em grande escala em direção ao paralelo 38 sob o disfarce de exercícios de treinamento.
Em meio a esses jogos de guerra, várias divisões participantes se dirigiram para o sul, em direção a Seul, desencadeando a Guerra da Coreia.
Governos americanos anteriores reconheceram tacitamente que a lacuna no entendimento entre Washington e Pyongyang sobre o propósito das manobras militares é ampla.
O risco de um erro de cálculo
O ex-presidente americano Bill Clinton cancelou repetidas vezes os exercícios anuais Team Spirit para aplacar as preocupações de Pyongyang e incentivar negociações sobre seu programa nuclear.
Atualmente, o risco não é de uma guerra em grande escala ou de um ataque nuclear, mas de um erro de cálculo.
A Coreia do Norte continua buscando novas formas de emitir ameaças, em parte em uma tentativa do regime de consolidar seu poder e em parte esperando que os EUA cancelem seus exercícios, como fez Clinton.
Entretanto, o Ocidente mantém os exercícios e voos de B-52 sobre a península coreana.
Esse padrão preocupante ocorre na ausência de um compromisso regular entre os EUA e a Coreia do Norte. Caso persista, o risco de um erro de cálculo de quaquer uma das partes vai aumentar.
A Coreia do Norte poderia interpretar mal uma ação futura dos EUA e determinar que existe uma ameaça iminente e existencial ao regime - e decidir agir preventivamente em relação a isso.
Ou Pyongyang pode sentir que sua retórica não funciona mais e pode decidir que uma ação mais agressiva é necessária para fazer jus a suas palavras.
Um teste sobre a sinceridade dos temores norte-coreanos em relação às manobras militares será medir a retórica do regime quando os exercícios forem concluídos, em abril.
As saídas para a atual situação são limitadas. É pouco provável que conversações entre Washington e Pyongyang convençam a Coreia do Norte a renunciar a seu programa nuclear.
Mas o diálogo sobre a segurança na península coreana, incluindo a questão dos exercícios militares, poderia ajudar a evitar mais mal-entendidos e erros de cálculo. Poderia garantir que a Coreia do Norte ouça não apenas as fortes mensagens de segurança da aliança adaptadas para Seul.
Os EUA deveriam também ser cautelosos com qualquer esforço subsequente para reassegurar o compromisso com seus aliados, a fim de não exacerbar as potenciais inseguranças da Coreia do Norte.
Medidas como manter na região ativos militares com capacidade nuclear poderiam prolongar incessantemente o risco de erro de cálculo quando terminarem os exercícios Foal Eagle.

Coreia do Norte prepara mísseis para eventual ataque aos EUA


Kim Jong-un ordenou início de preparativos nesta sexta.
Ordem foi emitida em reunião de emergência com o Exército.

Da AFP

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou nesta sexta-feira (29) o início dos preparativos para atacar com mísseis o território dos Estados Unidos e suas bases no Pacífico e na Coreia do Sul, indicou o órgão oficial do regime norte-coreano, a agência KCNA.
A ordem foi emitida durante uma reunião de emergência noturna com os líderes de alto escalão do Exército, indicou a KCNA, e é uma resposta direta às manobras conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na península com bombardeiros furtivos americanos B-2, capazes de transportar armas nucleares.
Militares norte-coreanos são vistos em barcos de patrulha perto da fronteira com a China (Foto: Jacky Chen/Reuters)Militares norte-coreanos são vistos em barcos de patrulha perto da fronteira com a China (Foto: Jacky Chen/Reuters)
Em caso de "provocação imprudente" dos Estados Unidos, as forças norte-coreanas "deverão atacar sem piedade o (território) continental americano (...), as bases militares do Pacífico, incluindo Havaí e Guam, e as que se encontram na Coreia do Sul", declarou Kim, citado pela agência oficial.

Segundo a agência oficial, Kim Jong-un disse que o voo dos bombardeiros furtivos equivale a um "ultimato e demonstra que querem lançar a qualquer preço uma guerra nuclear".
Na quinta-feira, em um contexto de escalada de tensões entre as duas Coreias, dois bombardeiros furtivos B-2 sobrevoaram a Coreia do Sul, uma maneira de os Estados Unidos ressaltarem sua aliança militar comSeul em caso de agressão do Norte.
O chefe do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia, o diretor de operações e o comandante de operações estratégicas e foguetes estiveram presentes na reunião de emergência, realizada nesta sexta-feira à 0h30 locais (12h30 de quinta-feira no horário de Brasília), segundo a KCNA.
Washington não costuma anunciar os voos de treinamento do B-2, um avião projetado para entrar nas linhas inimigas e bombardear alvos estratégicos a partir de uma grande altitude (até 15.000 metros).
China pede calma
Considerado indetectável e capaz de voar perto da velocidade do som, o B-2 pode transportar até 18 toneladas de armas convencionais ou nucleares, incluindo 16 bombas de 900 kg guiadas por satélite e oito bombas GBU-37 antibunker.
Coreia do Norte já havia ameaçado na terça-feira os Estados Unidos com ataques contra seu território e suas bases no Pacífico, mas se tratava de um anúncio, também através da agência oficial, proveniente do Exército. Neste caso trata-se de um alerta do líder do regime.
A China pediu nesta sexta-feira às partes interessadas "que façam esforços coletivos para resolver a situação". "A paz e a estabilidade na península coreana são benéficas para todos", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei.
A China é o único aliado da Coreia do Norte e seu principal sócio comercial, que lhe fornece recursos energéticos indispensáveis para sua economia.
Na quinta-feira, Washington disse mais uma vez estar "preparado para enfrentar qualquer eventualidade" procedente da Coreia do Norte, indicou o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel.
Os especialistas militares americanos afirmam, no entanto, que até o momento o aumento da retórica belicista da Coreia do Norte não é acompanhado por ações militares.
Pyongyang, por exemplo, evitou ao máximo as tensões em torno das instalações industriais de Kaesong, compartilhadas com a Coreia do Sul, e que fornecem ao Norte receitas vitais para sua economia.
Desde o início de março e a adoção de novas sanções da ONU contra Pyongyang, depois de um terceiro teste nuclear, a Coreia do Norte aumentou o tom de suas declarações, ameaçando Seul e Washington com ataques estratégicos e com uma guerra total.
"Mas isso não deve ser interpretado como sinal de uma guerra iminente", disse Kim Yong-hyun, um especialista sul-coreano da Universidade Dongguk. "É uma reação esperada e calibrada pela mobilização de B-2, e este jogo com os Estados Unidos vai prosseguir", acrescentou

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